Sem transparência,
15 prefeituras do Agreste podem ficar sem repasses da União
A falta de
transparência de prefeituras do Agreste pernambucano está na mira do Ministério
Público Federal (MPF). A procuradora da República, Natália Lourenço, enviou uma
recomendação à Presidência da República para que os repasses voluntários de 15
municípios sejam bloqueados até que os gestores atendam às exigências da Lei
Complementar nº 131/2009, que institui a obrigatoriedade do Portal da
Transparência e do acesso à informação. O documento foi enviado na semana
passada à Procuradoria Geral da República, instância apropriada para tratar com
a Presidência.
Circunscrita à
cidade de Caruaru, a procuradora analisou, com base num levantamento feito pela
Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas do Estado (TCE), a
situação de 34 municípios. “Após dois anos do final do prazo para se adequar à
lei, nenhum deles estava, de acordo com os estudos, 100% adaptados às
exigências”, disse. Ela decidiu, no entanto, só incluir na recomendação aqueles
que apresentaram “graves falhas”, como total ausência de informações.
“Em alguns casos,
tinham dados parciais, como licitações, ou desatualizados. Considerei que
poderia ser em razão de uma periodicidade mais prolongada”, ponderou. As
prefeituras tocadas pela recomendação são: Agrestina, Altinho, Barra de
Guabiraba, Bonito, Brejo da Madre de Deus, Cachoeirinha, Camocim de São Félix,
Casinhas, Cumaru, Frei Miguelinho, Jataúba, Jurema, Riacho das Almas, Sanharó e
Vertentes.
Não é a primeira
vez que prefeituras sofrem esse tipo de sanção por não cumprir tal legislação.
“A procuradoria de Garanhuns também fez a mesma recomendação à Presidência. O
pedido foi acatado, então tenho a expectativa que desta vez também seja”,
disse. Natália contou que o MPF, ao lado do MPPE e CGU, vem auxiliado as
prefeituras de perto nesse processo. “Fizemos audiências, fornecemos software e
equipe qualificada. Depois, ainda alertamos. E com dois anos ainda encontramos
irregularidades graves”, pontuou. No início de abril, o TCE também emitiu uma
série de “Alertas de Responsabilização” a várias prefeituras por descumprimento
da lei da transparência.
Às que mantém um
portal com informações parciais, a exemplo de Caruaru, a procuradora resolveu
emitir um ofício de alerta pedindo que a atualização seja feita em até 10 dias.
“Caso verificado em nova análise que não fizeram atualizações, a esses outros
também pode ser solicitada a suspensão dos repasses”, afirmou Natália. As
transferências voluntárias são feitas através de convênios com a União.
O presidente da
Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota, prefeito de
Afogados da Ingazeira, disse que a instituição tem feito todo o esforço junto
aos gestores. “O problema é que existe uma certa contradição nas análises dos
vários órgãos. O MPF pede uma coisa, o MPPE fala de outra. E, claro, existe uma
dificuldade de pessoal e entendimento”, pontuou. Ele também criticou a dureza
da penalidade. “Ainda mais em tempo de crise. Sem receita própria, muitas
dependem dos repasses da União”, disse.
Do
Jornal do Commercio
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