GRÁVIDA PERCORRE MAIS DE
150 KM PARA PARTO E PERDE O BEBÊ, NO INTERIOR DE PE
Mulher foi a unidade de Arcoverde, Sertão, e de Buíque e Caruaru, Agreste.
Feto foi expelido em um hospital do Recife; família fala em negligência.
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| Hospital Maternidade Jesus Nazareno, em Caruaru (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca) |
Uma mulher de 35 anos estava grávida de nove meses e percorreu várias
cidades do interior de Pernambuco para ter o bebê, mas o perdeu na
madrugada deste sábado (10). Na última quinta-feira, ela saiu com
contrações do povoado Carneiro, em Buíque, no Agreste, e foi para o Hospital Regional Rui de Barros Correia, em Arcoverde,
no Sertão, de onde foi encaminhada de volta à terra de origem por falta
de médico, de acordo com a família. Em uma unidade de Buíque, ficou sob
observação de quinta até a sexta, segundo a tia dela, Julieta Matias.
A cunhada, Aliciane Tenório, acompanhou-a. "Eles pegaram e falaram
assim: 'Vai ter que ser transferida porque os batimentos cardíacos [do
bebê] já não estão com frequência normal, está batendo fraco", contou. A
grávida, então, foi encaminhada novamente para o Hospital Regional de
Arcoverde e esta unidade a direcionou para o Hospital Maternidade Jesus
Nazareno, situado em Caruaru, no Agreste, completando um percurso de
mais de 150km. Neste município, Aliciane Tenório afirma que aguardaram
até a manhã deste sábado por uma ultrassonografia, que detectou a morte.
Julieta Matias afirma que a sobrinha era acompanhada, "fazia consulta
[pré-natal] todo mês" e não ouviu falar em gravidez de risco. A família
culpa unidades de saúde por negligência. "Perdemos uma vida. A mãe
esperou nove meses pra nascer, a família toda esperou nove meses pra
nascer e olhe aí como é que é. E, agora, está correndo risco a mãe
também", diz a cunhada. Segundo o marido da grávida, Roberto Gil
Barbosa, a mulher teve febre, em Caruaru, e depois de receber uma senha,
foi transferida para um hospital do Recife, onde o feto foi expelido
naturalmente. Ela aguarda alta médica.
Informações dos hospitais
A assessoria de imprensa do Hospital Regional de Arcoverde comunicou que, pela gravidade do caso e pela suspeita de o bebê estar morto, a grávida foi encaminhada ao Hospital Maternidade Jesus Nazareno, referência para estes casos no interior. Sobre a falta de médicos, a assessoria de imprensa destaca que a informação será investigada pela direção da instituição. Já o departamento de comunicação da unidade de Caruaru informou que não há médicos em plantão de 24h e que, mesmo a mulher tendo chegado na madrugada, às 3h16, o exame de ultrassonografia só começa a ser realizado às 8h.
O G1 conseguiu contato com a diretoria da Maternidade
Alcides Cursino, em Buíque, que relatou os procedimentos. "Como a
paciente é de um sítio longe, a família pediu para ela ficar em
observação, na tarde da quinta. Na sexta pela manhã, por volta das 5h, o
quadro começou a evoluir, com trabalho de parto e dilatação. Em momento
algum houve sofrimento fetal. Entre 22h e 23h, o coração começou a
ficar fraco e de imediato a mulher foi encaminhada para Arcoverde. Eles
[funcionários do Hospital Regional] disseram por telefone que o hospital
estava 'fechado' [para atendimentos], mas, quando o técnico chegou e
resolveu entrar, viu que uma médica tinha chegado. Foi quando fizeram a
ausculta e o encaminhamento para Caruaru", afirma a direção.
Do G1

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